A Identidade Nacional, segundo o meu avô
Acto I, Cena I
Filho e Pai. A conversa dá-se no presente.
Filho (F) – Pai! Sou português?
Pai (P) – Claro! Nasceste em Portugal, és português! Como é que andam as tuas notas a geografia? (O Pai começa a rir.) Quer dizer, segundo o teu avô, talvez não sejas...
F – Então quer dizer que não nasci em Portugal? Então, nasci em Espanha? (Os olhos do rapaz brilham, muito abertos, na direcção do pai.)
P – Também tu? Não! Não é isso que quero dizer. Eu explico-te... (o Pai relembra a conversa que em tempos tivera com o seu próprio pai.)
Acto I, Cena II
Pai e Avô. O Pai recorda a conversa que teve com o seu pai (Avô), anos antes sobre o mesmo assunto. A atitude do Avô demonstra chacota.
P – Pai! Sou português?
Avô (A) – Hás-de ser... Hás-de ser...
P – Ainda leva muito tempo?
A – Depende de ti...
P – Mas é preciso fazer algum exame?
A – Não. Será uma coisa natural. Mais tarde ou mais cedo acabam todos a fazer o mesmo.
P – O mesmo... Que mesmo?
A – A gostar de bacalhau! (O Avô ri às gargalhadas.)
P – Oh Pai, diga a verdade!
A – Confessa... Também gostas de cozido! (O Pai chora.)
A – Então, o Pantera desta vez não marcou golos?
P – (A pergunta do Avô, ao filho, deixa-o enervado.) Marcou sim! O Zé disse-me.
A – Mas, qual Zé?
P – Aquele pai... O do pião!
A – Olha outro... A esse também já não falta muito!
P – Pois não! ‘Tá quase a ir prá França! E nós quando é que lá vamos?
A – Deves pensar que lá porque conheces o Algarve, conheces o país!
P – É o único sítio para onde vamos nas férias: a mão leva a panela para a praia, o piriquito fica na avó, o pai bebe a sua cerveja com os amigos... Ah! E aquela coisa amarela...
A – Ah! Os meus tremoços! Isso já faz de mim meio português! Compreendes agora o que te dizia? Hás-de acabar a fazer o mesmo que eu...
Acto I, Cena III
Filho, Pai e Mãe. A conversa retorna ao presente depois de o Pai descrever ao Filho a conversa que tivera com o Avô. A atitude do Filho faz alusão à anterior atitude do Avô.
F – Mas isso não é ser português!
P – Ai fazes melhor?
F – O Cristiano Ronaldo fez! (O Filho está a ser irónico.)
P – Ele é o que é graças ao Scolari! Ao trabalho na selecção...
F – Sim, foi lindo ver os taxistas com as bandeirinhas na janela! (Mostra-se intensamente irónico.)
P – Então não foi... De chorar! Somos portugueses e temos orgulho nisso, se não fossem os gregos... (O Pai emociona-se.)
F – Sim! A mãe só voltou a chorar dessa maneira quando o Cristiano ganhou! É que nem com as minhas positivas!
P – Não! Não! A tua mãe quando foi ver o Tony até chegou a casa de olhos inchados. A tua mãe adora-o... A ele e ao filho!
F – Já percebi pela música que a mãe ouve!
P – Sim, realmente nem deixa ouvir a televisão. Eu a ver o último episódio do CSI e ela a dançar agarrada à vassoura!
Mãe (M) – Oh Zé, vai buscar massa e leva o miúdo!
P – Está bem, querida. Vamos já.
F – Pai, vamos àquele ali da esquina?
P – Sim, levamos o carro.
F – O carro? É já ali ao fundo!
P – Dá muito trabalho, depois do pequeno-almoço estou cheio. E nem acredito que a tua mãe vai fazer lasanha!
F – Lasanha? Bom, bom era a feijoada da inauguração da Ponte Vasco da Gama! (O Filho mantém a sua atitude de gozo para com o pai.)
P – Melhor que isso, só a Amália! (Responde seriamente ao Filho.)
F – És mesmo português!
Trabalho realizado por:
Carolina Soledade nº 4
Catarina Cruz nº5
Turma: 11º B
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
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