sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Carta de Despedida: Não sei bem por onde começar...

Almada, 2 de Janeiro de 1585.

Querido Manuel,

Não sei bem por onde começar, “talvez pelo início”, dirias tu. Há muito tempo que tinha algo para te dizer: nunca sabia bem o quê, mas hoje todas as dúvidas se dissiparam. O nosso amor sempre foi demasiado grandioso, sempre tive em consideração a paixão que nos unia; agora, nada mais nos resta a não serem os laços criados no seio de ternura a que me habituaste.

Não espero de ti agitações, de maneira alguma aguardo os teus suspiros profundos mas, resta-me acreditar que estarei presente nas tuas memórias mais íntimas. Tudo passou numa brisa inquietante como o vento: os sorrisos sinceros tornaram-se lágrimas repletas de infelicidade; os teus braços fortes e calorosos já não me conseguem abraçar hoje e aguentar esta dor. Tudo se desvaneceu numa névoa misteriosa que nenhum de nós consegue ultrapassar. São barreiras, obstáculos a que desconhecemos a causa e mesmo assim procuramos inutilmente pela solução.

Tudo isto te parece loucura, creio. Mas não meu amor! Tudo o que digo são palavras agonizadas, repletas de vergonha e sensíveis à menor luz branca. Talvez te pareça exagerado o meu discurso, enfadonho até…Mas tu conheces-me e, sabes que nada do que digo é superficial, como a beleza. Sinceramente, aguardo uma carta vinda de ti, perfumada com o teu aroma de jasmim, repleta de eloquência e emoções que nunca demonstraras a ninguém anteriormente. Mas isto sou só eu e os meus desejos…

Oh! mágoa poderosa! Oh! alma inconstante! Efémero? Só o amor.

Com muito carinho,

da sempre tua Madalena.


(da Maria João, 11ºE)

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